Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Chego com vontade de partir

por Marta Leal, em 15.03.13

 

Pedem-me para falar de viagens que quero fazer e só me consigo lembrar das que já fiz. Dou comigo secretamente a sorrir aos momentos que vivi, ás pessoas com quem me cruzei e ás ruas por onde andei. As ruas. São sempre as ruas que mais me seduzem. Gosto do cheiro a vida, das cores das casas e dos segredos que escondem. Misturam-se olhares e sons, crenças e valores e viaja-se num mundo do qual fazemos parte apenas por alguns segundos. Volta-me á memória o apartamento de Paris, a praça onde almocei em Praga, as risadas em Amesterdão, as caminhadas por Londres, as exposições de Madrid e o Pergamon em Berlim.

Mas peço desculpa que não era sobre isto que me pediram para escrever. Interessante perceber neste preciso momento que me perco nas letras da mesma forma como me perdi nas ruas das cidades por onde andei. Salta-se de rua em rua como se salta de pensamento em pensamento. Fale-se então daquilo que é suposto falar.

Seduzem-me as paisagens verdes e seduzem-me as paisagens áridas. Gosto do contraste da savana africana do mesmo modo que gosto do movimento de Oxford Street. Fico curiosa perante a imensidão do branco da Antártida e as montanhas do Himalaias. Anseio pelo dia em que  vou aterrar na Patagónia e dar um saltinho á Argentina. Sei que vos parece de mais mas fala-se de viagens e não me apetece escolher. Quero todas. Quero conhecer o mundo e tornar-me cidadã dele. Quero partilhar a diferença, evoluir na surpresa e abraçar a aceitação. Quero conhecer o que me é desconhecido e aprender o que me for permitido.

Perco-me. Já percebi que me perco sempre que falamos de partidas e chegadas. Parto. Parto com vontade de chegar e chego com vontade de partir.


tema da semana: a viagem que ainda não fiz

Autoria e outros dados (tags, etc)

servido às 22:15

A viagem que ainda não fiz!

por magnolia, em 14.03.13

Alguém disse por aí que tinha que escrever sobre a viagem que ainda não fiz… Pensei muito no que poderia escrever sobre o assunto e não consegui decidir sobre qual viagem vos quereria falar porque são tantas e tão diferentes entre si. É que para mim há muitos tipos de viagem. Vejamos alguns exemplos curtos:

 

Ainda não juntei dinheiro para ir a St Petersburg, nem fui conhecer Zagreb, nem Bruges, nem Atenas. Nunca fui a Roma, nem a Salzburg e também não conheço Vila Viçosa nem Beja.

Ainda não levei a minha mãe a Santiago de Compostela e demos o abraço ao Santo.

Nunca levei os meus filhos a Paris embora façamos planos há anos para ir à Disney. É sempre para o ano…Agora, creio que eles é que me levarão a  mim.

Não fiz a viagem dos 500 quilómetros sem destino com que sonho desde que tenho carta de condução e os nervos em franja. Na verdade sonho com isso mesmo antes de ter carta o que quer dizer que tenho os nervos em franja há mais anos do que tenho carta…

Não fiz a viagem de atravessar o tempo ao lado daquele que me acompanhará no dia a dia, hora a hora, minuto a minuto até ao último suspiro.

Também ainda não embarquei na terceira viagem que dura nove meses mais uma vida inteira, aquela viagem maravilhosa chamada maternidade.

Não fiz a viagem de publicar um romance com muitas páginas e bom, ou dois ou três, bons, claro e ser convidada para as Correntes d’Escrita e outros festivais literários que por aí se vêem cheios de gente fantástica e com que sonho desde que os descobri.

Ainda há tantas viagens por fazer.

Já fiz outras.

Já fiz muitas.

Já tive filhos. Duas vezes.

Já fui peregrinar a Santiago. Três vezes.

Já conheço algumas das maiores cidades da Europa.

Já parti.

Já cheguei.

Amo.

Respiro.

Vivo.

Pensando bem, poderia falar nesta viagem, a maior de todas, a da vida. Mas não vou falar. Não vou falar porque para isso gastaria do meu tempo e do vosso tempo muito tempo. E não me parece que nenhum dos meus leitores queira ouvir-me falar de coisas que ainda não aconteceram, que se calhar nunca irão acontecer. Ou então sim, quem sabe?! Sonhos, afinal, mas meus. Por isso não vou falar de nada, vou só dizer-vos o seguinte:

Sonhem, sonhem muito com todas as viagens possíveis e imaginárias, e se possível concretizem-nas porque a vida é curtinha, curtinha….e sem sonhos…é como se passássemos por ela sem a (vi)ver.



tema da semana: a viagem que ainda não fiz

Autoria e outros dados (tags, etc)

servido às 16:56

Origens

por Natacha, em 13.03.13


(fotografia particular)


Acabo de chegar.

Trago ainda marcados na pele os vincos que o Sol desenhou. Trago nos olhos uma imensidão de paisagens, trago o fogo dos pores-do-sol, o cinzento do cacimbo e na alma trago o batuque na sanzala, o som dos kissanges, o cheiro da terra molhada, a trovoada que nunca antes tinha vivido com esta intensidade. Na retina do meu olhar guardo a imagem dos imponentes Imbondeiros e das Mulembas, guardo a perplexidade do meu sentir a cada passo, a cada descoberta. Fui criança alegre de andar com o pé na terra e sentir a energia subir-me pelo corpo, obrigando-me a rodopiar de braços abertos para a vida, como quem quer apenas abraçar o mundo. Sorrisos rasgaram-me a face e incêndios lavraram nos meus olhos, bem como cheias, os inundaram.

Venho mais rica. Trago na lembrança os sorrisos das crianças que nada têm, a não ser uma alma grande de criança e uma vontade obstinada em sobreviver. Trago na mala, muito mais que a simples bagagem, trago outras vidas, pedaços de vida que o tempo deixou perdidos por aí. Trago também a correr-me nas veias um sangue mais quente, um espírito mais livre, um sentimento único de quem pertence finalmente a algum lugar. Ahh e um travo na língua a mucua e moamba de galinha...

Os contrastes não me deixam indiferente, mas esta é a minha viagem, que não tendo um roteiro definido, tem apenas uma nota como que um lembrete que me repete constantemente para relativizar e permitir-me sentir essencialmente a natureza. Procurar as essências, todos aqueles lugares incorruptos ainda, inviolados, e não deixar que a mão do homem, quase sempre destruidora, camufle tudo o que está ou é a origem.

Acabo de chegar da terra onde nasci.

Trago no peito um bater mais forte do coração, trago os cheiros e as imagens que para sempre ficarão marcadas em mim, como tatuagens. Trago uma vontade imensa de descobrir mais, de saber mais… de voltar lá.

Acabo de chegar… de uma viagem que ainda não fiz. E sinto a saudade…

[Angola]

tema da semana: a viagem que ainda não fiz

Autoria e outros dados (tags, etc)

servido às 10:10

quasi, quasi, mi aspetti

por Closet, em 11.03.13

 

 

(attenzione: estas pernas não são minhas, infelizmente! Foto retirada da Internet)  

 

 

Esta semana o tema é “a Viagem que eu ainda não fiz”. Portanto, um universo de possibilidades pela frente, como é de imaginar! Claro que há algumas que até consigo transferir para o plano da realidade, ainda que no ramo da futurologia, outras que ficam no plano do sonho, inalcançável. Sonho com elas apenas porque me faz bem sonhar, e eu sonho muito! Passar um mês na Austrália atrás de cangurus, dormir por cima de peixinhos coloridos em Bali, montar um bar de praia na Costa Rica, perseguir elefantes no Quénia, por aí.

Quando casei, optámos por ter filhos e não sobrava dinheiro para grandes viagens. Bom, agora também não! Nem para ter filhos, na verdade… Mas os meus já cá estão e continuo a achar que fiz a melhor escolha da vida.

Voltando às viagens… Há uma que sonho e ainda não fiz. Já tinha inclusive desabafado aqui no mundo dos blogues. Nem é muito longe e, vendo bem, já a poderia ter feito. Surpresa de anos do meu marido: vamos em Maio à pui bella città. Falo de Roma, claro!

Mas desengane-se quem pensa que quero apenas “ir” a Roma… eu quero sentir os cheiros, as gentes, como se vivesse lá. E não quero saber do hotel para nada, quero andar nas ruas. Na verdade quero mesmo é andar de vespa. Sim, é esse mesmo o meu sonho, ir a Roma andar de vespa! E perguntam-me os mais quadrados «mas não podes andar de vespa cá?». Respondo com uma única palavrinha: «Não!». Sonho é sonho, e o meu é este.

Perguntam-me então o que quero fazer em Roma? Tutti! Comer Pizzas e visitar Piazzas, atirar moedas em Fontanas e devorar gelatos, perder-me na Galleria Nazionale d'Arte Moderna, correr todas as Basílicas e brincar às escondidas no Coliseu, quem sabe acenar ao Papa riposare bene… E tudo de motocicleta, claro! Lá toda a gente anda de vespa! Na maior confusão, em sentidos proibidos, por cima de passeios, a descer escadas, é uma emoção! Não serei a única a fazer transgressões, imagino.

Só há um piccolo problema: eu nunca conduzi uma vespa. Nem qualquer moto por sinal. Mas posso praticar cá antes de ir, certo? E se sei andar de bicicleta, patins em linha e fazer ski, também me hei-de desenrascar a andar de vespa, sono sicuro! Sobre este pormenorzinho o meu marido ficou ligeiramente apreensivo e começou rapidamente a procurar seguros de responsabilidade civil no estrangeiro.

Mas como diz uma grande amiga minha «Eu quero é ir»! E até podia ir sem nada marcado, assim de mochila às costas, decidindo lá o que visitar com os conselhos dos amici italiani que se cruzarem comigo parlando quella língua meravigliosa!

Mas pronto… já temos a viagem marcada! Em Maio Roma espera por nós, de vespa, claro! E nos últimos dias vou um pouco à praia. «Roma não tem praia» diz o meu marido pacientemente. «Ahh, não? Non mi importa, vou na mesma, não é em Roma há-de ser nas redondezas, eu encontro!» Não sei é se vou de vespa, com a mala às costas não dá jeito… Alugo um carro. «Como se diz carro em italiano?» pergunto-lhe. «Auto…». «Ok, boa, essa eu decoro!»

anche ora, tenho de praticar o puí bello italiano! Vou arranjar uns contatti no Facebook e se conseguir uma estadia em Roma ou na praia lá perto ancora meglio per me (e não me venham dizer que Roma não tem praia, non voglio sapere)!


tema da semana: a viagem que ainda não fiz

Autoria e outros dados (tags, etc)

servido às 11:15



Pesquisa

Pesquisar no Blog  



As imagens deste blog foram retiradas da internet porém se alguém desejar reclamar os direitos autorais de alguma por favor envie-nos uma mensagem que imediatamente providenciaremos a remoção da mesma


Arquivos